7h02m. Passo
pela porta, andando vagarosamente, querendo ficar. Entro no elevador e espero, enquanto mais
algumas pessoas entram e ficam conversando... Tudo sempre automático,
programadas pra falar bom dia. Não respondo, e fico contando os segundos para
sair daquele lugar, finalmente chega ao térreo e eu sou a primeira a sair.
Acendo o cigarro, e continuo andando...
Telefone toca,
ele me ligando novamente e, dessa vez decido atender. Quero te encontrar, ele
me disse, e marcamos em um restaurante vegan na 412 norte. Percebo que cheguei
muito cedo, e esse meu vício infernal ainda me atormentava, guardei o cigarro e
fiquei quieta, apenas esperando.
Ele chega, com
aquele cardigan azul que eu havia lhe dado, e eu esqueço os meus olhos sobre
ele, sobre seus ombros largos e seu sorriso radiante, me olhando. Admirável,
tanto tempo depois, tantas lágrimas depois, meu coração ainda bate mais forte
ao vê-lo.
Caindo,
rolando, rindo, brigando. Fui embora novamente sabendo que um dia ele ia me
ligar me chamando pra ser dele mais uma vez e eu ia aceitar, como sempre
aceito. Ia continuar querendo o mistério dele, ia continuar querendo a
ignorância e o desapego. Ia continuar com a vontade de voltar pra casa querendo
ser de alguém, com a vontade de querer viver novamente e me arrependendo,
porque o “viver novamente” sempre me machuca.
19h02m,
chorando. Pego outro cigarro, e que se foda tudo agora. Ou foda-se nada, pois
eu sentia que o nada era a única coisa que restava. Odiei-me por estar com
aquele cigarro entre meus dedos e o joguei fora. Me acalmei, e voltei para casa
junto ao nada.
Tudo bem, é normal... Isso acontece, homens são idiotas e você também é! É
normal. Vamos preparar algo pra comer, porque essa fome vai acabar te matando.
Acalme-se, você não tem culpa de ser burra e não ouvir conselhos e você foi lá
porque quis. Agora engole o choro e comece a fazer essa comida.
Ligo o rádio, e
pela primeira vez no dia me animo... Uma música do Lenine rolando e eu comendo
todos os meus lindos vegetais e engasgando, como sempre. Ligo o computador, mas
logo o desligo ao ver quantas vacas ele tinha adicionado no Facebook. Decido ir
ler, O Diário de Anne Frank para aquele dia tenso. Paro na parte “... continuo
a procurar um meio para vir a ser aquela que gostava de ser, que era capaz de
ser...” e fecho o livro, realmente estava cansada.
Desligo todas as
luzes, e me deito. Querendo dormir para acordar com o sol batendo em meu rosto
e os pássaros fazendo muito barulho em alguma árvore por aí. Eu levantando
rindo, com toda a disposição do mundo, acordando sendo a pessoa mais feliz do
planeta. Ou apenas dormir, sem ter nada em mente, dormir... Porque dormir era o
que eu mais queria no momento.
E tão rápido o
despertador toca, parecia que eu tinha dormido apenas 15 minutos. Levanto-me.
7h02m. Passo pela porta, andando vagarosamente, querendo ficar. Entro no elevador e espero, enquanto mais
algumas pessoas entram e ficam conversando... É tudo sempre automático,
programadas pra falar bom dia. Não respondo, e fico contando os segundos para
sair daquele lugar, finalmente chega ao térreo e sou a primeira a sair. Não
fumarei mais, e com isso na cabeça continuo andando.
por que esse texto me é tão familiar?
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