terça-feira, 5 de abril de 2011

Não há de ser nada

Esqueci de acordar. Esqueci de apagar a luz, de limpar os pés. Esqueci das palavras e dos palavrões.  Esqueci de ler, e de escrever. Esqueci de salvar, de decorar. Esqueci as chaves, e as claves. Esqueci no cais, esqueci do caos. Esqueci o terno, a ternura. Esqueci a massa, esqueci o que se passa. Esqueci a margem, esqueci da imagem. Esqueci a verdade, a liberdade. Esqueci o coro, esqueci o choro. Esqueci o que foi, o que fui. Esqueci o que sou, o que restou. Esqueci do medo, esqueci da fuga. Esqueci de lutar, esqueci de ajudar. Esqueci o que era, e o que poderia ser. Esqueci do terço, e do berço. Esqueci da vida, esqueci de estar viva. Esqueci o ódio, o amor. Esqueci de sentir, de guardar rancor. Esqueci a passagem, a mensagem.  Esqueci o compasso, o abraço. Esqueci.

Esqueci de mim.

Esqueci de te esquecer.